A obesidade canina: O que causa e Quais Dicas podem Salvar o seu Cachorro
A obesidade canina tem crescido em número, de aproximadamente 22% da população canina na década de 1980 até 40% dos cães nos países ocidentais hoje.
Eu te pergunto, será que esse aumento tem relação com o aumento do consumo da alimentação comercial seca e rica em amidos?
No Brasil a obesidade canina está associada ao consumo de ração mais alimento caseiro e/ou petiscos.
A ração permanece sempre disponível, e no horário das refeições o animal recebe alimento caseiro, o que conduz a um “superconsumo” de calorias.
O papel da indústria alimentícia na origem de distúrbios de saúde é o mesmo, tanto em humanos quanto em animais de estimação.
É extremamente danosa as consequências da obesidade canina.
A gordura excessiva aumenta o crescimento em cães jovens em taxas máximas – em oposição ao ideal.
Sua estrutura física não suporta taxas máximas de crescimento por muito tempo.
As doenças ortopédicas se desenvolvem como resultado desse sobrepeso.
Fatores causadores da obesidade canina
A obesidade apesar de ser considerada uma doença essencialmente nutricional, em sua origem existem fatores genéticos, sociais, culturais, metabólicos e endócrinos.
Os principais fatores reconhecidos que contribuem para a obesidade canina são a raça, sexo, idade, castração, fatores genéticos, atividade física e densidade energética da dieta.
A obesidade é detectada quando o peso está pelo menos 15% acima do ideal, consequente do acúmulo excessivo de gordura corporal.
Cães de meia idade a velhos são os mais predispostos, o intervalo de idade de maior prevalência se situa entre 5 a 10 anos.
Os fatores dietéticos como a alta densidade energética, quantidade de alimento, número de refeições, fornecimento de petiscos e sobras de comida da mesa.
Os tutores contribuem significativamente para o ganho de peso em seus animais
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Por meio de falhas no ajuste das necessidades alimentares individuais;
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Dificuldade de reconhecer a obesidade de seu animal;
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Oferta de petiscos ignorando o seu valor energético;
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Permissão do comportamento de súplica por alimento e
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Prática insuficiente de exercícios.
Os petiscos industrializados apresentam elevado teor calórico por terem na sua composição um elevado teor de gordura e açúcar para ficar mais palatável.
E além disso são oferecidos indiscriminadamente, por isso eu sempre comento em meus artigos sobre a necessidade de voltarmos ao natural.
Preparar e oferecer petiscos e biscoitos saudáveis é mais simples e gasta menos tempo do que se imagina.
É provável que um cão esteja acima do peso por três razões
1. Dieta rica em cereais (excesso de carboidratos)
Nesta categoria se encaixam os cães alimentados por longo período de tempo com ração seca.
2. O cão não está tão ativo como de costume (ficando velho, machucado ou com tempo ruim) e está sendo alimentado com muita comida para seu nível de atividade:
O monitoramento entre o nível de atividade física e a ingestão alimentar é uma tarefa permanente.
Os petiscos devem ser contabilizados e restringidos também. Nosso cão conta conosco para isso.
3. Ele é castrado, os cães castrados retêm mais gordura devido à ruptura hormonal, principalmente a remoção da testosterona.
Converse com o veterinário para saber a melhor fase para castrar o seu cão, caso deseje fazê-lo.
Não dê alimentação seca e comercial ao cão obeso
A comida seca é um dos piores alimentos para um carnívoro, cheia de carboidratos e proteína vegetal, nada adequados ao cachorro.
O emagrecimento deve ser atingido com a ingestão correta de nutrientes, e não baseado no consumo de comida que não terá proveito para o organismo do cão.
Os cães naturalmente precisam de mais proteína animal para terem saúde por longo tempo.
O oferecimento de uma alimentação pobre nesse macronutriente fará com que o corpo do seu cãozinho fique perigosamente pobre.
Organismo deficiente em proteína e energia de boa qualidade, reduz a massa muscular e destrói lentamente a saúde ao longo prazo.
A massa muscular não é o peso que você quer perder. O que precisa ser feito é manter a massa muscular magra enquanto reduz a gordura.
Ações a serem tomadas na obesidade canina
Precisamos planejar a alimentação em torno dessa verdade:
Os cães devem ter como maiores componentes da dieta a proteína (carne) e a gordura.
Com isso em mente, os carboidratos ricos em amido precisam ser eliminados de sua dieta e a ingestão de proteínas frescas precisa ser aumentada.
Em outras palavras, alimentá-los uma dieta de baixa caloria composta de carne magra e fresca e priorizando os vegetais folhosos e baixos em carboidratos.
Eles não precisam comer menos alimentos repletos de fibras vegetais indigestas, já que isso os privará de nutrientes vitais.
Alimente-os com refeições de bom tamanho que sejam ligeiramente inferiores em calorias.
A dieta com alto teor de proteína, baixo teor de gordura e restrição dos carboidratos reduz as reservas de gordura de forma lenta e saudável.
Pois retém a massa muscular ao mesmo tempo em que elimina a gordura corporal indesejada.
Dieta recomendada para um cão obeso
Os cães gordinhos devem comer tanta comida quanto for apropriado para o tamanho do corpo, assim como os cães mais esbeltos.
A combinação dos alimentos só precisa ser menos calórica do que para um cão da mesma raça e tamanho, mas com o peso ideal.
E também devemos ter atenção ao horário das refeições:
O correto é ofertar alimentação em horários determinados e não deixar a ração ou comida no prato, ou se oferta ração ou se oferta comida caseira.
Os dois não podem acontecer juntos, porque isso aumenta a quantidade de calorias, que com o passar do tempo gera obesidade.
Alimentos para restringir
Carnes vermelhas: Carne de vaca, de pato, de porco são mais ricas em gordura.
Carboidratos ricos em amido: Arroz, batatas, pão, macarrão etc.
Petiscos: Não ofereça guloseimas e petiscos industrializados que também são ricos em amidos.
E também cuide dos ossos carnudos para que tenham menos gordura para o seu cão se divertir roendo.
Tenha em mente que restringir não é amar menos, como se o nosso amor estivesse ligado aos mimos comestíveis, e não negamos absolutamente nada ao nosso cão, afinal ele é tão bonzinho, bonitinho, obediente… Cuidado com esse pensamento
A importância do Exercício
–Passeios:
O cachorro gordinho não precisa de longas caminhadas. A obesidade que está destruindo sua saúde e encurtando suas vidas, já está arruinando suas articulações.
Longas caminhadas aceleram este processo, portanto, caminhadas mais curtas, mas com mais frequência, são as chaves (15 a 20 minutos).
–Natação:
A natação é um excelente exercício pois diminui o impacto sobre as articulações enquanto perdem peso.
Formas de acompanhar a perda de peso do seu cão
Com uma fita métrica de costura você pode medir a cintura do seu cão. Passe-a ao redor do estômago (atrás da caixa torácica, veja o artigo original com as imagens).
Registre as medições toda vez que isso for feito para manter um registro de suas dimensões.
Mantenha um registro do peso do cachorro. Caso ele não esteja perdendo peso depois de uma semana, reduza a quantidade de comida fornecida em 10%.
Eu tentei usar o meu cão como exemplo, para as medidas da cintura, mas ele não pára quieto, isso explica porque não tem problemas com obesidade…hahaha…
O artigo original tem todas as imagens demonstrativas, acesse aqui.
A importância de uma referência
Por vezes o nosso olhar se torna viciado e não percebemos alterações de peso e forma importantes.
Para te ajudar nisso tenha sempre em mãos fotos de cães da mesma raça do seu, porém, esbeltos, com o peso adequado.
Para provar que o convívio afeta a nossa percepção, que eu relato esse estudo:
Um estudo foi realizado para avaliar a opinião de mais de 200 proprietários de cães sobre a condição corporal de seus animais.
Foi observado que do total de entrevistados 20 a 30 % não identificam o sobrepeso de seus cães ou subestimam o seu excesso de peso.
Nesse estudo 98% dos proprietários afirmaram saber que a obesidade é prejudicial à saúde do animal, porém somente metade deles (51%) já pediu orientação ao veterinário para controlar o peso do animal.
A obesidade deve ser evitada a todo custo
1 – Aumento de Triglicerídeos e Colesterol
A hipercolesterolemia tem sido associada a lesões oculares e pode induzir pancreatite aguda segundo alguns estudos.
2 – Alterações Ósseas
A obesidade é considerada o principal fator de risco para as enfermidades ortopédicas nos animais de companhia adultos.
Em outro estudo de saúde a longo prazo com cães da raça Labrador Retriever, que animais que mantiveram-se magros durante toda a vida, por ingerirem menos 25% das calorias fornecidas em relação ao grupo controle.
Viveram aproximadamente 15% mais tempo, com uma expectativa média de vida de 12 anos em comparação a 9 anos do grupo controle, cujos animais eram obesos.
Ao longo do experimento, 77% dos cães obesos (controle) apresentaram artrite em mais de três articulações, enquanto este acometimento representou apenas 10% dos cães sob restrição alimentar.
3 – Alterações Respiratórias
A obesidade é fator de risco no desenvolvimento do colapso de traquéia em cães.
Adicionalmente, também exacerba outras doenças respiratórias, incluindo a paralisia de laringe e a síndrome da obstrução das vias aéreas dos cães braquicefálicos (Buldogue Francês, Pug, Boston Terrier, Pequinês, Boxer, Buldogue Inglês, Shi Tzu, Dogue de Bordeaux).
Causadas pelo aumento de gordura na face, região malar, língua, faringe, região superior e inferior da laringe, pescoço e tórax.
4 – Relação com a Diabetes
A obesidade predispõe o desenvolvimento de pancreatite em cães em cerca de 28% dos casos de Diabetes.
Isso você jamais deve fazer
Muitos donos de cães obesos tomam a iniciativa de reduzir a quantidade de alimentos por conta própria como forma de tratamento.
É totalmente contra indicado alcançar uma restrição energética simplesmente reduzindo a quantidade da ração de manutenção que é normalmente consumida pelo animal.
Essa prática pode levar facilmente a deficiências nutricionais importantes sem alcançar o sucesso na terapia, por isso falei anteriormente que o cão obeso assim como o que está em seu peso ideal devem comer o que necessitam.
Restrição em quantidade não é sinônimo de restrição calórica, de forma alguma. Toda a refeição deve ser balanceada adequadamente.
Resumo
Tome essas atitudes para manter o seu amigo saudável e longe da obesidade
– Acompanhe e conheça o peso ideal para o seu cão (raça, tamanho, idade..). Muitos donos de cães não identificam o sobrepeso em seus animais;
– Não deixe ração no prato disponível o dia todo;
– Não ofereça comida caseira junto com ração ou petiscos;
– Não dê petiscos indiscriminadamente, principalmente os industrializados que são ainda mais calóricos;
– Conheça a quantidade de comida necessária para o seu cão, muitos donos ainda estabelecem a quantidade de alimento a ser oferecida ao seu cão de forma subjetiva;
– A gulodice do cão não é padrão para estabelecer a quantidade, ou seja, não se deve oferecer comida até que o cão pare de comer;
– Pratique caminhadas com seu cão;
– A alimentação natural é a mais indicada porque você pode controlar a ingestão alimentar do seu cão de forma mais eficaz, diferente de alimentação comercial ou processada.
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